INTERCOOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A parceria na construção de uma linha de distribuição de 138 kV, da Subestação – SE Tubarão Sul, localizada no município de Treze de Maio, até a Subestação SE Cerbranorte (Cooperativa de Eletricidade de Braço do Norte), no Bairro Bela Vista, foi selada no encontro entre o setor administrativo e técnico da Cerbranorte com colaboradores da Cegero (Cooperativa de Eletricidade de São Ludgero), acompanhados do presidente Francisco Niehues Neto, o “Chico”, em 10 de dezembro do ano passado. O projeto foi elaborado pelas cooperativas através de um grupo com colaboradores criado para discutir os detalhes. Estima-se que o investimento seja de, aproximadamente, R$ 60 milhões, R$ 30 milhões para cada.

Para o gerente da Cerbranorte, José Eduardo Claudio, o “Dado”, a parceria é de extrema importância, pois há anos a cooperativa vem registrando um crescimento constante e significativo na demanda de distribuição. “A construção da linha de 138 kV é fundamental para garantir o fornecimento de qualidade e confiabilidade ao nosso sistema de distribuição de energia. A linha de distribuição que atende nossa cooperativa, de Tubarão a Orleans, até a SE Cerbranorte, é de propriedade da Celesc. A manutenção tem deixado a desejar. Com a nova linha, teremos, além de uma tarifa menor, maior segurança e agilidade, considerando que a manutenção será de nossa responsabilidade”, acredita Dado.

O gerente revela que, graças ao aval do administrador judicial Cristiano Orlandi, o corpo técnico e contábil pode iniciar o projeto para que seja apresentado aos associados e colocado para aprovação na próxima assembleia. “O apoio que recebemos do Cristiano foi essencial para podermos realizar os estudos para essa grandiosa obra”, ressalta Eduardo Claudio.
O sistema elétrico é complexo e causa diversas dúvidas nos consumidores, principalmente quando o assunto está relacionado com o valor da tarifa. Para possibilitar um gesto simples, como apertar o interruptor para acender uma lâmpada, existe toda uma estrutura de geração, transmissão e distribuição, e são os itens de toda essa cadeia que compõem o valor da tarifa de energia elétrica. Vale lembrar que, além destes, no valor final da fatura há também os custos dos tributos e encargos setoriais.

Mas o que é cada um desses itens?

 GERAÇÃO: 
Custo estimado para geração de energia no Brasil, homologado anualmente pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
 TRANSMISSÃO: 
Custo para levar a energia das geradoras até às subestações das distribuidoras, as empresas de transmissão são responsáveis pela construção e manutenção das linhas. Para entender a diferença entre uma linha de transmissão e uma rede de distribuição, basta identificar as estruturas. As linhas de transmissão, por se tratarem de condutores de alta voltagem, necessitam de maior sustentação e são construídas em torres, na maioria das vezes em locais mais restritos, já as linhas de distribuição geralmente têm estruturas em postes normais.
 DISTRIBUIÇÃO: 
Custo operacional da distribuidora, considerando as necessidades de investimentos, com base na quantidade de consumidores, da área de atuação, entre outros fatores demográficos.


Cooperativas têm o mesmo objetivo

 Distribuir energia elétrica aos associados com menor custo e maior qualidade é a meta 

A Cerbranorte tem como missão “Distribuir energia elétrica aos associados e consumidores com excelência em serviços, atuando com ética, transparência e, de acordo com os princípios cooperativistas, mantendo o equilíbrio econômico da cooperativa”. Sua visão é “Ser a cooperativa da região com o melhor custo benefício no preço da energia, mantendo a excelência na prestação de serviços de distribuição de energia elétrica”.
Para atingir esses objetivos, explica o gerente José Eduardo Claudio, as ações da cooperativa devem ser focadas nos investimentos em ampliações e manutenções das redes de distribuição e aquisições de todos os equipamentos e condições necessárias, tanto na compra de uma energia mais barata, quanto para que a distribuição seja realizada de maneira mais eficiente, garantindo a continuidade do fornecimento.
Não é a primeira vez que as duas cooperativas realizam uma parceria. “Elas têm os mesmos objetivos, mesmo que cada uma tenha suas particularidades. Para ambas, o que mais importa é a satisfação dos associados”, enfatiza o gerente.
“Se o associado pensar na cooperativa como dono da Cerbranorte e ter uma visão administrativa, entenderá o quanto precisamos usar os recursos para possibilitar melhores condições para o fornecimento da energia”, afirma Dado.
“Quando o assunto é trabalhar para melhorar a tarifa e o fornecimento de energia aos seus cooperados, o corpo técnico da Cerbranorte não mede esforços. Desta vez o foco está em reduzir o custo do transporte de energia”, reforça.


Projeto orçado em R$ 60 milhões

 Divisão dos custos é a alternativa para garantir a nova linha 

Estima-se que o valor total dos custos envolvidos com o projeto e com a construção fique em torno de R$ 60 milhões. Economicamente, seria muito difícil e até inviável para somente uma cooperativa realizar esse investimento. Como as subestações, tanto da Cegero como da Cerbranorte, ficam no mesmo local, na Bela Vista, no limite entre as duas cidades, dividir os custos do projeto, das indenizações e das estruturas da linha é a melhor opção, principalmente para os associados de ambas as cooperativas.
Gerente de Regulação da Cerbranorte, Itamar José de Almeida, lembra que após receber o convite para participar dos estudos de viabilidade do projeto, a cooperativa foi em busca de empresas reconhecidas no setor elétrico com ‘expertise’ para realização de estudos iniciais. “Solicitamos ainda o parecer técnico ao Operador Nacional do Sistema (ONS)”, lembra.
Segundo o coordenador Administrativo e de Regulação da Cegero, Flávio Schlickmann, o estudo de conexão à rede básica se iniciou em 2018. “Num primeiro momento, a nossa intenção seria fazer a conexão numa linha de 525kV, que está sendo construída e deve cruzar a região de São Ludgero e Braço do Norte”, lembra. Porém, ao analisarem a viabilidade, o custo de conexão era inviável.
“Foi então que tivemos a informação que uma subestação de 230Kv estaria sendo construída até 2022 na região entre Tubarão e Treze de maio, e que, essa sim, poderia viabilizar o acesso à rede básica, proporcionado mais segurança e economia ao fornecimento de energia da Cegero e também da Cerbranorte”, informa. Flávio diz que as cooperativas chegam, agora em dezembro de 2020, certas de que a obra é fundamental para ambas. “Tanto sobre o aspecto técnico e de segurança do fornecimento, quanto pelo aspecto econômico e financeiro, visto que estamos falando de uma economia aproximada de R$ 4 milhões ao ano, para cada cooperativa”, alerta. A economia, lembra ele, terá por consequência uma tarifa de energia menor aos associados e consumidores. “É uma oportunidade ímpar para as duas cooperativas”, reforça Flávio.
Ainda segundo o gerente de regulação, logo após o ONS emitir parecer técnico favorável, em setembro de 2020, para ambas as permissionárias, os estudos tarifários apontaram uma grande redução na tarifa de transporte de energia. Para a Cerbranorte seria a redução de, aproximadamente, R$ 3,5 milhões ao ano. “O valor é uma estimativa conservadora, ou seja, a redução pode ser bem maior. Esse menor custo de transporte será repassado integralmente às tarifas finais de todos os cooperados e consumidores”, diz.
No mês passado, o Operador Nacional do Sistema emitiu o Parecer de Acesso Permanente da Cerbranorte ao Sistema de Transmissão na SE Tubarão Sul. Isso significa que há um setor reservado para a conexão em 230 kV. Essa reserva está assegurada até fevereiro de 2021. Mas, assim como ocorreu antes do início da construção da SE 138kV, a realização desse investimento ocorrerá somente após a aprovação dos cooperados na próxima assembleia.


Histórico de parcerias

Na Assembleia Geral Extraordinária de novembro de 2013, os associados da Cerbranorte tiveram que decidir sobre outro grande investimento, a construção da subestação de 138kV, construída no Bairro Bela Vista. A obra teve um custo aproximado de R$ 13 milhões, e foi essa decisão que garantiu a continuidade do fornecimento nos últimos anos. O engenheiro Fábio Mouro lembra que em 2013 a cooperativa enfrentou um grande problema. “Registramos um alto crescimento na demanda, porém nosso sistema não estava preparado para isso. Se não tivéssemos construído nossa subestação, teríamos sérios problemas de tensão”, recorda.
Fábio é convicto em dizer que a nova linha de 138kV vai melhorar a qualidade e a confiabilidade do sistema. “Também possibilitar um aumento da subestação para a instalação do terceiro transformador”, garante. Atualmente a subestação da Cerbranorte tem dois transformadores. Há a necessidade da instalação de um terceiro. Para que isso seja possível, um novo terreno para implantação do mesmo também deverá ser adquirido. “A SE da Cerbranorte não tem mais espaço físico para a instalação do novo transformador, por isso a necessidade da compra de uma área”, alerta. Já a capacidade da Subestação da Celesc é de 80 MVA, sendo 40MVA para a Cegero e 40MVA para a Cerbranorte. Hoje a demanda da Cerbranorte é de 37 MVA. “Por isso, a construção dessa nova linha é tão importante e necessária para nós”, conta Fábio. Para ele, a obra permitirá que os consumidores sejam beneficiados com redução na tarifa de transporte. “A nova linha estará conectada à rede básica, isso significa mais segurança para os nossos associados”, completa o engenheiro eletricista.

Conforme lembrado pelo gerente de Regulação da Cerbranorte, Itamar de Almeida, o passado recente ajuda a entender o que ocorrerá em breve. “Se a Cerbranorte ainda estivesse conectada à Subestação de 69 kV da Celesc, no bairro Floresta, poderíamos estar pagando à Celesc algo em torno de R$ 22,49/kW. Atualmente pagamos R$ 13,82/kW. Se continuássemos conectados em 69 kV, a tarifa final ao consumidor seria bem maior”. Para o gerente, pior do que ter o custo maior, seria a baixa qualidade e confiabilidade da energia. “A SE 69 kV da Celesc não suportaria atender a demanda de potência e carga necessárias à Cerbranorte. Em outras palavras, haveria interrupções e oscilações de energia frequentemente”, alerta.
Segundo os técnicos da cooperativa, similarmente, a conexão na tensão de 230 kV garantirá uma tarifa de transporte muito menor. A expectativa é que o custo tarifário de transporte seja reduzido pela metade. Além disso, a conexão em 230 kV através de uma linha de distribuição nova, executada com os mais modernos e melhores padrões construtivos, assegurará o suprimento de energia desejável para alicerçar o desenvolvimento econômico de nossa região.


Assembleia define investimento

 Destino da qualidade da energia de Braço do Norte e Rio Fortuna está nas mãos dos associados 

Os técnicos da cooperativa são unanimes em afirmar que a construção da nova linha de distribuição é um investimento indispensável para garantir menores custos na tarifa. Porém, paralelo aos estudos para viabilização técnica, há também as preocupações com as questões contábeis e financeiras. “A Cerbranorte Distribuição não tem condições financeiras para bancar essa obra. Hoje temos duas opções: usar recursos com uma instituição financeira através de um financiamento, estudando as menores taxas de juros, ou utilizar parte dos valores angariados com a geração de energia da PCH [Pequena Central Hidrelétrica] Capivari, de propriedade dos associados da Cerbranorte Geração”, explica o contador Jairo Dircksen.
A Cerbranorte Geração, dona da PCH Capivari, ativa desde julho de 2017, têm desenvolvido seu papel social assiduamente. Prova disso são os valores mensais, de R$ 100 mil para o Hospital Santa Teresinha e de R$ 30 mil para a Fundação Médico Social de Rio Fortuna, realizados desde abril de 2018. Este mês estes valores somam R$ 4,030 milhões desde que iniciaram. “A ideia de utilizar parte dos recursos da Geração para realizar essa obra nos possibilita reduzir o valor do empréstimo. Quanto menor o valor do financiamento, menos juros iremos pagar”, ressalta Jairo.

Decisões como essas só podem ser feitas através de uma Assembleia Geral, visto que os investimentos são altos e que os impactos dessas ações afetam diretamente a saúde financeira da Cerbranorte e, por consequência, os valores repassados na tarifa. “A cooperativa encontra-se num momento único, e já está encerrando o segundo ano sem a sua Assembleia Geral Ordinária, mas, constantemente informa que, o mais breve possível realizará a Prestação de Contas e a apresentação dos Planos de Investimentos. É extremamente importante que todos os associados estejam cientes de como está o cenário atual do setor elétrico”, lembra Itamar.

“Somos uma cooperativa, temos a nossa responsabilidade social e viemos cumprindo desde sempre. Mas, a Cerbranorte possui as suas metas e projetos traçados, que foram estudados e analisados através de consultorias. Destinar o dinheiro de um investimento necessário para cooperativa a um outro setor impacta negativamente na continuidade da prestação do serviço com qualidade e com o menor custo aos consumidores. O momento é de investimento. Estamos prestes a perder os descontos na compra de energia e para que a gente tenha uma tarifa menor, temos que investir para reduzir nossos custos”, alerta Itamar.

Mais posts